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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELIZ 2014

AOS MEUS ALUNOS, EX-ALUNOS, PROFESSORES, ETC UM FELIZ 2014.
MUITA PAZ, SAÚDE E QUE ESTE ANO VINDOURO SEJA REPLETO DE REALIZAÇÕES.
 
EM 2014 MUITO MAIS POSTAGENS NESTE BLOG DEDICADO A EDUCAÇÃO.

domingo, 8 de dezembro de 2013

ÁFRICA DO SUL: DOMINAÇÃO, APARTHEID E MANDELA (PARTE 03)

FONTE: PORTAL POSITIVO
 
1806 - GRÃ-BRETANHA NA ÁFRICA DO SUL
 
Em 1806, a Grã-Bretanha invadiu o Cabo com dezenas de navios e cerca de 6700 soldados, esmagando a resistência tanto dos bôeres quanto dos africanos na região. Batizou, então, o local de Cape Town (Cidade do Cabo).

A colônia do Cabo, como era agora chamada, tinha uma população de cerca de 25 mil europeus e quase 30 mil escravos negros, mas um número substancial de Khoikhoi e gente de raça mista, o que deixava os brancos em minoria significativa.*

A chegada dos britânicos mudou o panorama local. Foi estabelecido na região um governador inglês, e a língua desses novos conquistadores passou a ser a oficial. Os bôeres viram sua liberdade ameaçada pela fiscalização inglesa rigorosa.
 
Em 1820, os ingleses enviaram mais uma onda de imigrantes para a Colônia do Cabo, com o objetivo de britanizar a região, que era de maioria holandesa. As condições naquela época eram muito duras. A agricultura não prosperava, e alguns colonos optaram por trabalhar com a pecuária. A criação de maior sucesso desses grupos foi a de carneiros merinos, o que levou a lã a suplantar a exportação dos vinho na África do Sul.
Os imigrantes ingleses, diferentemente dos bôeres, eram obrigados a trabalhar com mão de obra livre, não escravizada. Era difícil encontrar trabalhadores que se submetessem ao trabalho na região, e os produtores ficavam praticamente restritos à mão de obra familiar. Além disso, os colonos eram obrigados a defender as fronteiras, constantemente ameaçadas. Muitos se arrependeram de ter migrado para a África do Sul.

*HISTÓRIA em revista. A força da iniciativa - 1800-1850. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1992. p. 154.

ÁFRICA DO SUL: DOMINAÇÃO APARTHEID E MANDELA (PARTE 02)

FONTE: PORTAL POSITIVO
 
1652 - HOLANDESES NA ÁFRICA DO SUL
 
Desde que o português Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança, em 1488, o extremo sul africano passou a ser conhecido, mesmo que superficialmente, pelos europeus.
No século XVII, a Holanda vivia um tempo de prosperidade econômica. Era uma potência comercial e marítima, com colônias e negócios nas Índias. Como as viagens marítimas que partiam da Europa com destino à Ásia eram longas, podendo durar até seis meses, a Companhia das Índias Orientais holandesas viu o Cabo da Boa Esperança como um local estratégico, que poderia ser uma espécie de entreposto, fornecendo aos mercadores em trânsito uma parada onde poderiam adquirir alimentos e água.
Foi com esse intuito que, em 1652, três navios holandeses desembarcaram na África do Sul, na Baía de Table, no norte do Cabo da Boa Esperança. Eram calvinistas*, empregados da Companhia das Índias, e dedicavam-se à agricultura, à vinicultura e à criação de gado, buscando fornecer víveres às embarcações holandesas.
 
Com o passar do tempo, o povoado cresceu, e alguns desses empregados se tornaram fazendeiros independentes, estabelecendo suas fazendas em locais distantes o suficiente para fugir da fiscalização holandesa. Esses homens ficaram conhecidos como bôeres, ou africânderes.


(...) os primeiros colonos dispunham de muito espaço livre, o que ia de encontro ao sonho de todo o africânder, que é o de possuir uma tal vastidão de terra que, do umbral de sua porta, não possa enxergar nem mesmo a fumaça da chaminé do vizinho mais próximo.**

Os bôeres, se vissem sua liberdade ameaçada pela fiscalização holandesa, não hesitavam em buscar novas terras, nem que tivessem que ir para longe. Essas pastagens não estavam necessariamente livres. Pertenciam a povos ancentrais que habitavam a região e cultivavam gado. A prática, então, foi invadir as terras de tribos como as dos San e dos Khokhoi, escravizá-los e roubar seu gado.
 
No caminho, passaram por cima dos povos africanos cujo direito anterior à terra foi varrido pelo poder das armas de fogo e pelo peso da legislação europeia. A trilha da conquista do homem branco estava juncada de equívocos, tratados rompidos e filantropia mal-informada; sua ideologia era uma combinação incompatível de racismo, rapacidade e genuínas boas intenções; seu legado, uma terra mergulhada na inimizade, na divisão e no ressentimento amargo.***

Mas como um povo cristão, calvinista, praticaria tais atrocidades com a população local? O africanista Alberto da Costa e Silva explica que "havia se desenvolvido entre eles a teoria de que constituíam uma raça de senhores, que eram o povo escolhido por Deus para povoar aquelas terras".****
Com o passar do tempo, os filhos desses europeus que nasceram na África do Sul passaram a não se considerar europeus, e sim africâneres, falando sua própria língua, o africâner, uma língua originária do holandês, com uma mistura de alemão e francês. *****.
 
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* O calvinismo é um sistema teológico defendido por João Calvino (1509-1594), um dos reformadores protestantes.
* KAPUSCINSKI, Ryszard. A guerra do futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 99.
** HISTÓRIA em revista. A força da iniciativa - 1800-1850. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1992. p. 145.
***SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 141.
**** As primeiras levas de colonizadores da África do Sul não foram somente holandesas. Franceses e alemães também estiveram presentes na região, apesar de serem eclipsados pelos bôeres.

ÁFRICA DO SUL: DOMINAÇÃO, APARTHEID E MANDELA (PARTE 01)

FONTE: PORTAL POSITIVO

Povos da África do Sul

A África do Sul era uma vasta região, habitada por diversos povos*. Cada um tinha trajetória, características, costumes, língua e religião próprios. Apesar da vastidão territorial, nem todas as terras sul-africanas eram férteis. Algumas eram excelentes para pastagens, o que levou diversos povos dali a se dedicarem à criação de gado. Conheça a seguir alguns desses povos.
Os Khoikhoi ("homens de homens") eram um povo pastoril, criador de ovelhas, cujo gado era a maior riqueza, pois fornecia alimento – leite ou carne – couro e transporte. Os holandeses passaram a chamá-los de hotentotes.
Os Xhosa eram outro povo cuja economia estava concentrada no cultivo de gado. Quando crianças, seus membros eram pastores; quando adultos, eram guerreiros e donos de rebanhos. As mulheres dedicavam-se à agricultura, cultivando sorgo, painço, batata-doce, feijão e ervilha. O grupo era dividido em clãs, coordenados por chefes. Destacavam-se nesse cargo os que tinham melhor oratória nos debates em comunidade. No âmbito da religião, acreditavam em espíritos, que eram relacionados a animais, plantas ou forças da natureza.
Já os San eram grupos de caçadores e coletores nômades. Como um leitor lê um texto, eles liam a terra e a vegetação, percebiam as trajetórias dos animais, observam-nos e caçavam-nos com flechas envenenadas. Raízes, frutas, mel, lagartas, larvas e insetos (como cupins e gafanhotos) eram seus alimentos. Os bôeres chamavam-nos de boschjesmans (bosquímanos), que significa "exploradores da mata".

* Os povos da África do Sul compreendem muitas raças, línguas, religiões, costumes e estilos de vida. (...) O grupo mais numeroso é o africano, composto na sua maior parte por habitantes de língua banto. Compreende quatro grupos linguísticos principais. O mais numeroso é o dos que utilizam a língua nguni, que compreende os Zulu, os Xhosa, os Nbedele e os Suazi. Em seguida vem o dos habitantes tsuana, que compreende os Tsuana, os Pedi e os Soto meridionais. Os outros dois restantes são os Venda e os Shangaantsonga. (MURRAY, Jocelyn. África: o despertar de um continente. v. 2. Madri: Edições del Prado, 1997. p. 206.)